sábado, 20 de março de 2010

A paz que eu preciso

- Treze, catorze, quinze...
- O que você tá fazendo?
- Contando as estrelas.
- Contando as estrelas? HAHA - riu-se - Mas que tarefa incrivelmente inútil! - Seu tom sarcástico em uma hora qualquer me faria querer quebrar seu nariz de batata em pedacinhos. Mas não naquele momento. Não durante minha tarefa preferida.
- Por que inútil? - Minha voz saíra até mais macia do que eu mesma esperava. - Dezesseis, dezessete, dezoito...
- Porque você nunca conseguiria contar todas né, DURT, são muitas!
- Você sabe quantas são? Dezenove, vinte, vinte e um...
- Não, não sei. Ninguém sabe. E ninguém vai saber, muito menos você.
- Por que não me ajuda a descobrir? Talvez pudéssemos ficar conhecidas por isso - Sorri para ela e segui adiante: Vinte e dois, vinte e três, vinte e quatro...
- Ah vai, larga de ser criança.
- Bom, se eu sou uma criança, não pode me culpar de brincar com as estrelas certo? Sou criança, não sei o que é certo ou errado.
- Bem, olhando dessa forma... - Seu rosto mudava repentinamente. Talvez a ideia de ser "conhecida" por algum ato a tivesse interessado. - NÃO, CRIANÇA É VOCÊ! CRIANÇA É VOCÊ!
- POR QUE TU TÁ GRITANDO MENINA? - Eu tinha perdido a conta. Agora ela realmente conseguira me tirar do sério.
- EU NÃO SOU CRIANÇA, VOCÊ QUE É!
- Eu não tô falando nada garota, deixa de viagem! - E de repente, como uma descarga de realidade, seu olho esquerdo piscou para mim. Só agora eu havia entendido. - VOCÊ QUE É CRIANÇA, SUA NENÉM!
- Sim, sou criança. - Ela deitou-se ao meu lado, e eu deitei novamente, já que a suposta "discussão" me fizera levantar.
- Então, recomeçamos?

Não saberia dizer quanto tempo nem quantas estrelas contamos naquela noite. Mas algo mais importante havia contado.

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