sábado, 10 de outubro de 2009

A dor da saudade

Estava sentada e imóvel na beira de sua cama com os pés em cima da mesinha de cabeceira há horas. As mãos moles e doloridas se encontravam entre suas coxas que expunham manchas avermelhadas que teriam surgido por causa telefone que ainda se encontrava apertado entre seus dedos. Suas olheiras indicavam uma noite em claro, e o som da voz de sua mãe gritando o café da manhã ainda zunia em seus ouvidos. Seu estômago urgia secretamente. Sua enorme cabeleira morena e sedosa escorria em suas costas molhadas de suor. Seu corpo doía e pedia socorro. Mas nada disso poderia ser comparado à dor que tomava conta de seu coração. Não chegava nem mesmo perto da angústia que ardia em seu peito e que deixava seu cérebro em chamas. O grito de desespero ainda se encontrava entalado em sua garganta como uma enorme bola de ping-pong. Cobras pareciam tomar conta de suas veias, e a cada minuto elas pareciam injetar cada vez mais veneno por todo o seu corpo. Ele havia partido. Deixou-a para trás. Se foi e nem ao mesmo se despediu, nem ao menos acenou para ela. Nem ao menos avisou que ia. Não. Ele foi e não ia mais voltar. Seus olhos verdes e brilhantes não iam mais fitá-la. Seus lábios finos e delicados não iam mais lhe dar um suave beijo na testa pela manhã. Suas palavras não poderiam mais alcançar seus ouvidos. Ela finalmente pensou. Eis o que pensou: "Oh meu papai, meu querido pai, meu amado e dedicado pai, eu sempre te amarei!" E então se jogou aos pés de sua cama com uma lágrima que finalmente escorrera. E ali ficou. Por quanto tempo? Não, eu não saberia dizer. Mas um dia, podem ter certeza do que digo, ela se levantou.

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